domingo, 22 de agosto de 2010

Dieta rica em verduras pode evitar o desenvolvimento de diabetes

Uma dieta rica em verduras reduz o risco de desenvolver diabetes, mostra pesquisa feita no Reino Unido. Numa análise de cinco estudos sobre o consumo de frutas e vegetais, só alimentos como espinafre e repolho demonstraram ter um efeito positivo significativo. Apenas uma porção e meia por dia de vegetais com folhas verdes pode cortar o risco da diabetes do tipo 2 em 14%, informa a pesquisa, publicada no "British Medical Journal". Apesar disso, os especialistas ainda urgem a população a tentar consumir pelo menos cinco porções de frutas e vegetais diárias.

Os pesquisadores da Universidade de Leicester revisaram os dados de estudos com um total de 220 mil adultos. Eles descobriram que comer mais frutas e verduras em geral não estava fortemente ligado a uma menor chance de desenvolver diabetes do tipo 2, mas havia "uma tendência nesta direção". A equipe calculou que uma dose diária de 106g, no entanto, levava à redução de 14% no risco. Ainda não está claro como as verduras têm este efeito protetor, mas uma das razões seria seu alto nível de anti-oxidantes como a vitamina C. Outra teoria aponta para sua composição rica em magnésio.

- Já sabemos que o consumo de frutas e vegetais é importante, mas esse estudo sugere que as verduras parecem particularmente importantes na prevenção do diabetes - diz Melanie Davies, professora de medicina do diabetes da Universidade de Leicester e líder do levantamento.

Segundo ela, o plano agora é estudar pessoas com alto risco de desenvolver a doença para ver se um aumento no consumo destes vegetais pode ajudar na prevenção. Em 2008/2009, uma pesquisa nacional de nutrição no reino Unido mostrou que, embora o consumo de frutas e vegetais tenha aumentado na última década, apenas um terço dos homens e mulheres comem as cinco porções diárias recomendadas. Em um editorial que acompanha a publicação do estudo no jornal científico, o professor Jim Mann, da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, destaca que a mensagem de estímulo para o aumento do consumo de frutas e vegetais não deve se perder "em meio a uma pletora de fórmulas mágicas", mesmo que as verduras possam ser incluídas como uma das porções diárias. Já o médico Iain Frame, diretor de pesquisas da Diabetes UK, afirmou: "Já sabemos que os benefícios de comer vegetais são grandes, mas esta é a primeira vez em que foi feita uma relação direta entre verduras e um menor risco de desenvolver diabetes do tipo 2". Ele ressaltou, porém, que esta evidência ainda é limitada e que é muito cedo para separar as verduras e apresentá-las como um método único para reduzir o risco.

- Nossa preocupação é que o foco em certos alimentos desvie da recomendação para que se consuma cinco porções diárias de frutas e vegetais, que tem benefícios na redução das doenças do coração, derrames, alguns tipos de câncer e da obesidade também - acrescentou.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Suplemento de creatina aliado a exercícios físicos ajuda a controlar a glicose

A suplementação alimentar de creatina — composto derivado de aminoácidos — aliada a exercícios físicos regulares melhora o controle glicêmico de pessoas com diabetes do tipo 2. Pesquisas do Laboratório de Nutrição e Metabolismo da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP revelam que a creatina ajuda a controlar a taxa de açúcar no sangue, elevada em diabéticos.

A segurança do composto também foi comprovada, pois não foram observadas alterações ou sobrecarga das funções renal e hepática nos diabéticos participantes do estudo. Além de ajudar no controle da diabetes, creatina não causa danos ao organismo

A diabetes do tipo 2 é caracterizada pela incapacidade das células absorverem glicose da corrente sanguínea, o que é explicado pela resistência do organismo à ação da insulina. As principais indicações médicas para o controle da doença são a prática de atividades físicas e o uso de hipoglicemiantes orais.

— Ambos ajudam a jogar o açúcar para dentro da célula e a creatina pode ter um papel nessa função também — declara Bruno Gualano, professor do Departamento de Biodinâmica do Movimento Humano da EEFE e autor da pesquisa.

Os estudos constataram que a suplementação de creatina, juntamente com os exercícios físicos, é mais eficiente no tratamento da doença do que os exercícios praticados isoladamente e tão eficiente quanto à metformina — medicamento mais empregado no tratamento de diabetes do tipo 2.

Além disso, Gualano ressalta que a eficácia da creatina foi observada em conjunto às atividades, ou seja, apenas a suplementação de creatina, sem treinamento físico, poderia não resultar em benefícios.

As melhoras observadas se explicam pois a creatina atuou no deslocamento, chamado de translocação, da proteína GLUT-4.

— Ela fica dentro das células. Sua função é se deslocar do interior até a superfície, ‘pegar’ o açúcar que está fora, no sangue, e transferi-lo para dentro da célula — explica Gualano.

Em diabéticos tipo 2 essa função não é realizada em níveis adequados.

— A creatina atuou nesse aspecto, elevando a translocação de GLUT-4 a níveis similares aos observados em pessoas sem a doença — completa.

Proibição

Até o fim de abril suplementos alimentares de creatina tinham sua comercialização proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pois se alegava que os efeitos nocivos à saúde não eram conhecidos. Porém, inúmeras pesquisas científicas já comprovaram que o composto — produzido naturalmente pelo organismo — não é prejudicial à saúde se ingerido com moderação.

As pesquisas da EEFE constataram, mais uma vez, a segurança da creatina. Não houve nenhum tipo de prejuízo à saúde dos pacientes que ingeriram o composto, em doses de cinco gramas por dia, ao longo de três meses.

Uma possível sobrecarga das funções renal e hepática também não foi observada.

— Um terço dos pacientes tinham doença renal crônica e mesmo assim não foram constatados problemas ou alterações. O mesmo vale em relação ao fígado — aponta Gualano, que acrescenta:

— A creatina tem um potencial terapêutico excepcional e pode ser essencial no tratamento de muitas doenças caracterizadas por perdas de força, massa muscular, cognição, massa óssea e sensibilidade à insulina.