Existem hoje vários tipos de insulina disponíveis para o tratamento de diabetes e elas se diferenciam pelo tempo em que ficam ativas no corpo, pelo tempo que levam para começar a agir e de acordo com a situação do dia em que elas são mais eficientes.
Compreendendo
como a insulina funciona, você poderá planejar suas refeições, lanches e
exercícios. O tratamento com insulina deve se ajustar tanto ao seu
estilo de vida quanto às suas necessidades de controle de glicose.
Lembre-se, o uso é muito individual e nem sempre se acerta de primeira. É
importante ter paciência.
Não existe
um ‘tamanho único’ no que se refere ao tratamento com insulina e ao
plano de gerenciamento do diabetes. Seus objetivos, idade, saúde geral,
fatores de risco e atividades diárias são considerados, portanto, cada
terapia é individual.
A insulina
humana (NPH e Regular) utilizada no tratamento de diabetes atualmente é
desenvolvida em laboratório, a partir da tecnologia de DNA recombinante.
A insulina chamada de ‘regular’ é idêntica à humana na sua estrutura.
Já a NPH é associada a duas substâncias (protamina e o zinco) que
promovem um efeito mais prolongado.
A
insulina não pode ser tomada em pílulas ou cápsulas, pois os sucos
digestivos presentes no estômago interferem em sua eficácia. Com o
avanço das pesquisas na área, essa realidade talvez seja viável no
futuro. Neste ano de 2015 deve ser lançada no mercado norte americano
uma insulina administrada por via inalada.
As
insulinas mais modernas, chamadas de análogas (ou análogos de
insulina), são produzidas a partir da insulina humana e modificadas de
modo a terem ação mais curta (Lispro (Humalog®), Aspart (NovoRapid®) ou
Glulisina (Apidra®)) ou ação mais prolongada (Glargina (Lantus®),
Detemir (Levemir®) e Degludeca (Tresiba®). As insulinas também podem ser
apresentadas na forma de pré-misturas. Há vários tipos de pré-misturas:
insulina NPH + insulina Regular, na proporção de 70/30, análogos de
ação prolongada + análogos de ação rápida (Humalog® Mix 25 e 50,
Novomix®30).
As insulinas podem vir
em frascos e canetas. Os frascos são de 10 ml (para uso com seringas de
insulina) e o refis, são de 3 ml (usados em canetas de aplicação de
insulina), assim como podem vir em canetas de aplicação descartáveis.
Outra forma de administração de insulina é a bomba de insulina.
Independentemente do método, é importante entender alguns conceitos,
confira:
Unidades de insulina
A
insulina identificada com U-100 significa que existem 100 unidades de
insulina por mililitro (mL) de líquido no frasco. O paciente deve sempre
respeitar o número de unidades prescrito pelo médico. O auxílio do
especialista é fundamental para determinar a dosagem apropriada.
Atualmente no Brasil todas as insulinas comercializadas são U-100.
Insulina basal e bolus
O
pâncreas secreta a insulina de duas maneiras: basal e bolus. Como basal
entende-se uma secreção constante de insulina que permanece em níveis
baixos no sangue o tempo todo e é produzida em forma de ‘gotas
contínuas’, mantendo a liberação de glicose para as células do
organismo; enquanto o termo bolus, se refere a quantidades maiores de
insulina que são liberadas na circulação sanguínea em momentos de maior
necessidade, como por exemplo às refeições, ou quando há aumento de
açúcar no sangue.
As insulinas de
ação rápida encontradas nas farmácias são utilizadas para proporcionar
ação semelhante a esses bolus de insulina, que ocorrem na fisiologia,
necessários principalmente às refeições. Já as injeções de insulina de
ação intermediária (NPH) e lenta (análogos) atuam de forma semelhante ao
fornecimento basal e são aplicadas em 1 ou 2 aplicações diárias
(Glargina, Levemir e NPH), ou até 3 vezes ao dia (NPH), a fim de
proporcionar o componente “basal” da insulinização. É por isso que
algumas vezes, para um bom tratamento com insulina, seguro e eficaz,
minimizando o risco de hipoglicemias, usa-se várias aplicações diárias
de insulina, no esquema assim conhecido como basal-bolus.
Pessoas
com diabetes Tipo 1 na maioria das vezes precisam de um programa
terapêuti-co que libere tanto a insulina basal quanto a bolus, no seu
tratamento, que portanto em geral é feito de maneira intensiva, ou seja,
envolvendo 3 ou mais aplicações diárias de insulina. Já o tratamento
voltado ao diabetes Tipo 2 é variável. Alguns pacientes só precisam da
basal, já que o pâncreas ainda fornece a insulina necessária para as
refeições. Nestes casos, uma aplicação diária, antes de dormir, costuma
ser suficiente. Outros precisam de insulina basal e bolus, com objetivo
de controlar a glicemia em diferentes momentos do dia.
Algumas
pessoas com diabetes Tipo 2 não precisam de injeções de insulina. São
os muitos casos em que medicamentos orais aliados à alimentação saudável
e à prática regular de exercício físico conseguem prover bom controle
glicêmico.
O programa de
insulinoterapia personalizado pode incluir mais de um tipo de insulina,
usados em diferentes momentos do dia, na mesma hora, ou até na mesma
aplicação. O mercado disponibiliza algumas opções pré-misturadas de
insulina, que possibilitam ao paciente aplicar dois tipos de insulina em
uma única aplicação. Em outros casos, a pessoa com diabetes vai fazer a
própria combinação, ajustando as doses das insulinas de ação
ultrarrápida de acordo com a alimentação (quantidade de carboidratos) ou
com a glicemia medida.
Características dos tipos de insulinas
A tabela abaixo descreve as características dos tipos de insulina existentes. O início da ação é a velocidade com que a insulina começa a trabalhar após a injeção; o pico é a hora em que a insulina atinge o ponto máximo no que diz respeito à redução de glicemia e a duração é o tempo em que a insulina age no organismo. A referência para os dados abaixo é a insulina humana U-100.
Tipo | Início da Ação | Pico | Duração | Horário para injeção |
Bolus | ||||
Ultrarrápida (Análogos Ultrarrápidos)
| 10-15 minutos | 1-2 horas | 3-5 horas | Utilizada junto às refeições. Deve ser injetada imediatamente antes das refeições. |
Rápida (Insulina Humana Regular)
| 30 minutos | 2-3 horas | 6 horas e 30 minutos | Utilizada junto às refeições ao dia. Deve ser injetada entre 30 e 45 minutos antes do início das refeições. |
Basal | ||||
Ação intermediária (NPH – humana)
| 1-3 horas | 5-8 horas | Até 18 horas | Frequentemente, a aplicação começa uma vez ao dia, antes de dormir. Pode ser indicada uma ou duas vezes ao dia. Não é específica para refeições. |
Longa duração (Análogos lentos)
| 90 minutos | Sem pico | Lantus: até 24 horas Levemir: de 16 a 24 horas Degludeca: > 24h | Frequentemente, a aplicação começa uma vez ao dia, antes de dormir. Levemir pode ser indicada uma ou duas vezes ao dia. Tresiba é utilizada sempre uma vez ao dia, podendo variar o horário de aplicação. Não é específica para refeições. |
Pré-misturada | ||||
Insulina pré-misturada regular
| 10 a 15 minutos(componente R) e 1 a 3 horas(componente N) | 30% da dose como insulina R e 70% da dose com insulina N | 30% da dose como insulina R e 70% da dose com insulina N | Aplicada junto a uma ou mais refeições ao dia. Deve ser injetada de 30 a 45 minutos antes do início das refeições. |
Insulina pré-misturada análoga
| O número indica o percentual de ultrarrápida na mistura, o restante tem perfil de ação compatível com insulina N | Insulina ultrarrápida e insulina N ( de acordo com a proporção do produto: 25, 30 ou 50% da dose de ultrarrápida) | Insulina ultrarrápida e insulina N ( de acordo com a proporção do produto: 25, 30 ou 50% da dose de ultrarrápida) | Aplicada junto a uma ou mais refeições ao dia. Deve ser injetada de 0 a 15 minutos antes do início das refeições. |
Como aplicar?
Quando
você está fazendo um tratamento com insulina, você precisa checar seus
níveis de glicose regularmente. Essa medida é fundamental para avaliar o
tratamento e verificar se as metas estão sendo alcançadas. O ‘ajuste
fino’ dessas metas e das doses de insulina e medicamentos leva algum
tempo e é afetado pelo estilo de vida e, eventualmente, por outras
doenças. Uma boa notícia é que os equipamentos mais novos, com agulhas
menores, estão tornando a aplicação de insulina cada vez mais fácil.
As canetas podem
ser reutilizáveis, em que se compra o refil de 3 mL de insulina para se
carregar na caneta. Neste caso é importante observar que as canetas são
específicas para cada fabricante de refil. Há também canetas
descartáveis, que vem já carregadas com insulina e ao terminar seu uso
são dispensadas e pega-se uma nova caneta, dispensa portanto a troca de
refis, tornando o uso ainda mais simples.
As
canetas são fáceis de carregar e de usar e garantem a dose correta
prescrita, já que diminuem a chance de erros de dose, o que é muito
comum no dia a dia na terapia com insulina (veja a tabela no item Tipos
de insulina). A não ser em caso de insulinas premis-turadas, a pessoa
deve ter uma caneta separada para cada tipo de insulina prescrita. Se
tiver que tomar dois tipos na mesma hora, aplica-se a respectiva dose de
cada caneta, separadamente. Leia o manual de instruções atentamente.
As seringas têm,
atualmente, agulhas muito menores, até de 6 mm. Elas permitem
apli-cação com mínima dor. Se você precisa tomar dois tipos de insulina
no mesmo horário e elas estão disponíveis em frascos, por exemplo NPH e
insulina Regular, pode-se misturar os dois tipos e aplicar apenas uma
aplicação na mesma seringa. Ao se fazer isso deve-se estar atento à dose
de cada componente de insulina, aspirando primeiro a insulina Regular e
depois a insulina N, nesta ordem.
Bombas
de insulina são um modo seguro e eficiente de fornecer insulina para o
corpo. Elas são usadas com mais frequência por pessoas que precisam de
múltiplas injeções ao longo do dia. O equipamento inclui um pequeno
cateter, que é inserido sob a pele. A ‘bomba’ propriamente dita é usada
externamente. Ela tem o tamanho dos antigos ‘pagers’, ou seja, é menor
que um smartphone.
Seu médico vai indicar qual a melhor opção para você.
Dicas para aplicação de insulina
Se
você usa a caneta, não se esqueça de checar o fluxo de insulina antes
de aplicar a dose. Ajuste o aparelho para duas unidades e, com a ponta
da caneta virada para cima, na vertical, aperte o botão de aplicação,
repetindo até que apareça a insulina.
Depois
de checar o fluxo, marque a dose a ser aplicada. Insira a agulha na
pele em um ângulo de 90° (perpendicular). Aperte o botão até que você
veja o número 0. Conte dez segundos antes de remover a agulha da pele,
para garantir que a dose foi totalmente aplicada. Com agulhas maiores,
superiores a 8 mm, você pode precisar levantar a pele delicadamente
antes da injeção, a chamada “prega”.
É
muito importante fazer rodízio dos locais do corpo em que você aplica a
insulina, para prevenir nódulos e alterações locais decorrentes da
aplicação repetida de insulina, chamadas de lipodistrofias. Por exemplo,
você pode aplicar em um lado do abdome e depois do outro lado, além de
escolher diferentes partes de cada lado do abdome. Evite uma área de
cinco centímetros em torno do umbigo e também evite aplicar sobre
cicatrizes.
Local | Prós | Contras |
Abdome (evite uma área de 5 cm em torno do umbigo) | Fácil acesso, a insulina é absorvida de forma rápida e consistente | Nenhum |
Nádegas e Coxas | Absorção mais lenta do que o abdome e braços | Absorção mais lenta e mais afetada por exercícios |
Parte externa do braço | Depois do abdome, o braço é a região que oferece absorção mais rápida | Acesso mais difícil para autoaplicação |
Armazenamento
A
insulina que ainda não foi aberta deve ser guardada na geladeira entre 2
e 8ªC. Depois de aberta, pode ser deixada à temperatura ambiente (menor
do que 30°C) por 30 dias, com exceção da detemir (Levemir), que pode
ficar em temperatura ambiente por até 42 dias. É importante manter todos
os tipos de insulina longe da luz e do calor. Descarte a insulina que
ficou exposta a mais de 30°C ou congelada. Não use medicamentos após o
fim da data de validade.
Para
ajudá-lo a acompanhar a data, o usuário pode anotar no rótulo o dia em
que abriu o frasco. Ou colocar um pedaço de esparadrapo colado com a
data em que foi aberta a insulina pela primeira vez. Se você for passar
um período extenso ao ar livre, em dias muito frios ou quentes, deve
armazenar a insulina em um isopor bolsa térmica, podendo eventualmente
conter placas de gelo, desde que este não tenha contato direto com a
insulina.
Agulhas de caneta
As
agulhas de caneta devem ser usadas apenas uma vez, porque são muito
finas e o reuso pode causar dor. Não deixe a agulha na caneta, porque
isso pode permitir vazamentos e também a entrada de ar no cartucho.
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